quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Um Cândido Conto de Carnaval


Eu não lembro exatamente quantos anos eu tinha, uns 8 ou 9 mais ou menos, o que eu lembro é que quando chegava fevereiro a escola em que eu estudava se transformava: cartazes coloridos por todos os lados, corredores enfeitados, até as pessoas mudavam, professoras e coordenadoras ficavam mais animadas e os alunos mais arruaceiros que o de costume.

Eu lembro também que eu tinha uma paixão platônica por um menino de outra sala(nessa época eu já sabia muito bem do que eu gostava, na verdade eu acho que todo mundo sabe, o que leva tempo é o todo o processo de aceitação, mas isso é assunto pra outro post) ele era magro e tinha cabelos lisos, usava sempre a camisa da escola com uma calça marron e também andava de um jeito muito engraçado. Eu nunca tinha coragem ir falar com ele, e a única aula em que eu via ele era a de educação física, além das brincadeiras de pega-pega no recreio onde todo mundo brincava junto, não tinha divisão de sala.

Mas voltando para o carnaval, a escola tinha uma série programações que a a gente era praticamente obrigado a participar, umas das atividades daquele ano era fazer sua própria máscara de carnaval. Material é o que não faltava e a tia sempre dava uma ajuda. No Final das contas minha máscara não ficou tão mal, ela era azul e tinha umas lantejoulas (ui) pratedas e um glitter (uuui) de uma cor que eu realmente não lembro, eu lembro é que brilhava, e muito !

Depois de toda essa armação tinha um baile no pátio do colégio, e todos os alunos tinham que ir com a máscara que tinham feito. E lá fui eu com minha máscara brilhante, naqueles tempos o Tchan era a grande sensação, então voçes devem imaginar como era, uma putaria só. Fato é que quando muitos pirralhos se juntam o resultado é sempre o mesmo: muita correria e muita bagunça, numa dessas eu dou por falta da minha máscara, ela devia ter caído enquanto eu corria e pulava. Eu passei um bom tempo procurando, mas tinha muita gente, era como achar uma agulha no palheiro, acabei indo ficar sentado em um canto. Quando menos espero o menino (sim, o menino magro de cabelos lisos) vem falar comigo, conversa vai conversa vem ele pergunta aonde estava minha máscara e eu explico toda a situação e também conto pra ele como era a minha máscara, explico nos mínimos detalhes. Acabou que eu voltei pra casa feliz da vida de ter falado com o tal menino, mas sem minha máscara.



Na semana pós-carnaval eu tava em uma aula e o professor me chama dizendo que tinha alguém querendo falar comigo, aí eu saio da sala e lá tava ele, o mesmo menino, eu não sei se fiquei mais assustado ou feliz, ou os dois ao mesmo tempo. Mas o melhor mesmo foi depois quando ele me estendeu a mão e nela tinha uma máscara azul de lantejoulas prateadas, na hora eu não acreditei, achei muita "coincidência", mas era exatamente ela, a minha máscara, a que eu tinha feito e perdido no baile. Ele me disse que tinha achado no chão, perto da saída. Mas pra mim não importava aonde ela tava, importou o simples ato de ter ido me devolver, de ter o mínimo de sensibilidade de na hora ter percebido que aquela era a minha máscara e de ter ido em devolver. E naquele dia eu lembro que eu voltei pra casa feliz da vida de ter falado com o tal menino, e de ter minha máscara em mãos.


ps. para minha viagem de carnaval esse ano meus planos incluem altas doses de alcool e nenhum tipo de pudor.

2 comentários:

  1. ...bonitinhas nossas estórias de paixões na infância né?

    ...tudo parece tão mais simples e descomplicado....

    ..abraço.

    ..e cuidado com o álcool...agora com os pudores...elimine-os ...afinal é carnaval!

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  2. Ai, como tudo é mais prático na infância! Até mesmo as histórias de amor platônico...

    ...Espero que o Carnaval tenho sido sem nenhum pudor!

    Abs!

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